Publicado em: 10 de junho de 2022 14h06min / Atualizado em: 10 de junho de 2022 14h06min
Está em desenvolvimento na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) — Campus Laranjeiras do Sul um projeto de pesquisa sobre a produção de grilos, como proteína para alimentação humana e animal. A pesquisa foi iniciada em 2021.
Os insetos são fonte de proteína e gordura — tal qual as carnes bovina, suína, de aves, peixes, os queijos e também alguns vegetais, como feijão, soja e ervilha —, mas não são muito populares na alimentação da população ocidental.
Para realizar a pesquisa, foi instalada uma pequena fazenda de insetos no Laboratório de Entomologia do Campus. Os pesquisadores estudam todo o ciclo de vida dos grilos, alimentação, reprodução, sistema de criação em si, além dos custos envolvidos.
Conforme a professora Vania Zanella Pinto, uma das pesquisadoras envolvidas no estudo, “esses alimentos proteicos podem ser incluídos na alimentação tanto humana quanto animal, como por exemplo de peixes. Nossa pesquisa propõe o desenvolvimento de alimentos nutritivos e saborosos, elaborados com farinha de grilo. Também vamos estudar todo o processamento dos grilos para garantir proteína de qualidade e custos competitivos em relação aos outros alimentos”.
Embora em outros lugares do mundo já existam diversas pesquisas e a utilização de insetos comestíveis já seja mais comum, essa é uma pesquisa pioneira na região. Vania comenta: “os profissionais de hoje, envolvidos na produção de alimentos, precisam pensar no futuro e nas próximas gerações. Na UFFS – Campus Laranjeiras do Sul do Sul os cursos de graduação em Engenharia de Alimentos, Ciências Biológicas, Agronomia, Engenharia de Aquicultura e Ciências Econômicas e os mestrados em Ciência e Tecnologia de Alimentos (PPGCTAL) e em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável (PPGADR) estão envolvidos nesse projeto e trabalhando nas pesquisas”.
A pesquisa apresenta relevância científica, tecnológica e de inovação pelo desenvolvimento de sistema sustentável para produção de alimentos para consumo humano e animal. O projeto busca realizar: estudo da biologia e comportamento dos grilos em diferentes dietas; analisar os custos da produção; estudar os efeitos do processamento dos grilos adultos e a sua estabilidade no armazenamento; avaliar o processamento, caracterização e desenvolvimento de produtos; além de avaliar a digestibilidade, qualidade nutricional, desempenho zootécnico e metabólico de tilápias alimentadas com grilo. O projeto também pretende fazer uso de tecnologias emergentes, será testada, por exemplo, a elaboração de produtos com farinha de grilo utilizando a tecnologia de impressão 3D de alimentos e outras estratégias inovadoras de processamento, como tratamento com plasma a frio e eletrofiação.
O estudo envolve oito professores pesquisadores, um técnico administrativo, além de estudantes de cursos de graduação e mestrados do Campus. “O interesse em desenvolver a pesquisa surgiu vendo as previsões de crescimento da população mundial, que se estima chegar a 10 milhões de habitantes em 2050. A entomofagia – nome que se dá ao ato de comer insetos – é viável para a população humana e também para os animais e atende a vários dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU)”, relata Vania.
A criação dos grilos e o acompanhamento zootécnico de tilápias alimentadas com os insetos estão sendo executados. Outros estudos previstos para 2022 incluem isolar a proteína dos grilos para obter um isolado proteico, parecido com Whey protein. “Além da farinha, investigaremos diferentes formas de secagem, faremos modelagem matemática para ver que temperatura é mais indicada para fazer o processamento e se a ração das tilápias terá estabilidade durante o armazenamento. Vamos desenvolver alguns produtos com farinha de grilo, como pães, hambúrgueres, biscoitos, para mais tarde fazer a análise sensorial para verificar a aceitação.
Para a estudante do mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável Thais Pigatto “a participação na pesquisa é um desafio e um estímulo". Ela diz que em seu projeto de mestrado pretende investigar a produção de insetos edíveis e seus derivados para alimentação humana. "Além da criação de Gryllus assimilis, produziremos farinha e derivados, que possam ser utilizados na alimentação humana. Analisaremos a composição nutricional da farinha e produziremos um biscoito enriquecido com farinha de grilo. Serão feitos testes para definirmos a proporção de uso da farinha de grilo em relação à farinha de trigo tradicional e, por fim, faremos a análise sensorial dos biscoitos para verificar a aceitação do produto”, explica a estudante. Thais é orientada pela professora Aline Pomari Fernandes, com coorientação da docente Vania Zanella Pinto.
Já o trabalho de conclusão de curso do estudante Adriano Terres, do curso de Agronomia, busca desenvolver uma ração para peixes fabricada com farinha de grilo. O projeto pretende avaliar o efeito da inclusão de farinha de grilo na dieta de tilápias do Nilo, sobre parâmetros metabólicos, avaliando o efeito da suplementação na dieta sobre parâmetros digestivos, metabólicos, hematológicos e sobre marcadores bioquímicos de disfunção fisiológica e lesão tecidual.
Adriano relata: “para fabricar a ração, vamos testar diferentes proporções, por exemplo, utilizaremos diferentes concentrações da farinha de grilo substituindo a farinha de peixe na ração. Trabalharemos em sistema de recirculação por 60 dias e depois faremos uma análise geral dos animais, avaliando fígado, intestino, verificando o crescimento e mais algumas questões sanguíneas. As avaliações de peso serão realizadas a cada 15 dias”. Adriano é orientado pela professora Silvia Romão, com coorientação da docente Luisa Helena Cazarolli.
O projeto foi aprovado na UFFS em 2021, com recurso para pesquisa e bolsas de iniciação científica para os estudantes. No final de 2021, a proposta foi submetida à Fundação Araucária e, em 2022, foi divulgada a aprovação, com liberação de pouco mais de R$36 mil. O projeto também foi submetido ao edital Universal do CNPq, no qual concorrem projetos de todo Brasil, sendo aprovado com liberação de mais de R$110 mil.
Pesquisadores envolvidos
Professores: Aline Pomari Fernandes, Antonio Maria da Silva Carpes, Ernesto Quast, Gustavo Henrique Fidelis dos Santos, Leda Battestin Quast, Luisa Helena Cazarolli, Silvia Romão e Vania Zanella Pinto;
Técnico administrativo: Augusto Cesar Prado Pomari Fernandes;
Estudantes de graduação: Adriano Terres, Andressa Natalia Scopel Schardosin, Aranay Santos Ribeiro e Igor Rennan Colla, do curso de Agronomia; Emily Trent e Soelen de Almeida, do curso de Ciências Biológicas;
Estudantes de mestrado: André Lucas dos Santos Oro (PPGCTAL) e Thais Pigatto (PPGADR).
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
28 de fevereiro de 2025
Chapecó
28 de fevereiro de 2025
Passo Fundo
28 de fevereiro de 2025
Nossa UFFS
24 de fevereiro de 2025
Passo Fundo