Publicado em: 07 de agosto de 2017 08h08min / Atualizado em: 07 de agosto de 2017 09h08min
A maneira como os agricultores vêm estruturando sistemas produtivos alternativos às monoculturas do agronegócio e, assim, aumentando sua autonomia e resistência no campo: esse é um dos enfoques de uma pesquisa feita pelo professor Ulisses Pereira de Mello, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim, que tem como eixo central discutir a importância do conhecimento local na construção do conhecimento agroecológico em sistemas agroflorestais (SAFs) de erva-mate e de citros. Os SAFs são formas de uso da terra que combinam espécies arbóreas com culturas anuais ou animais.
A partir de entrevistas com agricultores e técnicos dos municípios de Aratiba, Itatiba do Sul, Severiano de Almeida e Viadutos, foram diagnosticadas três importantes novidades na região: os próprios sistemas agroflorestais, como formas alternativas de uso da terra; o Circuito Sul de Comercialização da Rede Ecovida, rede de comercialização autogestionada pelos agricultores agroecológicos da Região Sul; e o grupo de poda de erva-mate da família Tochetto em Viadutos, que recupera formas passadas de organização, como os mutirões, associados às técnicas atuais de mecanização da colheita.
A pesquisa aponta também para a necessidade de uma maior articulação das experiências com SAFs de citros e de erva-mate na região. De acordo com o professor Ulisses, “apesar de um número crescente de agricultores sombrear com arbóreas os seus ervais e pomares, há ainda uma dificuldade de expansão dessas experiências, entre outros, por utilizarem conhecimentos de caráter território-específico”. Nesse contexto, facilitar mais intercâmbios entre os agricultores poderia oportunizar tanto o aprimoramento das experiências quanto sua divulgação e eventual expansão.
O trabalho do professor da UFFS evidencia também a necessidade de uma extensão rural agroecológica comprometida com o diálogo, com a participação efetiva dos agricultores como sujeitos do processo e com uma perspectiva de desenvolvimento rural orientada pela mudança social – ou seja, que estimule a justiça ambiental e social.
A pesquisa foi apresentada como tese de doutorado do professor no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PGDR/UFRGS). Com orientação do professor Fábio Dal Soglio (UFRGS), o trabalho foi aprovado pela banca, composta pelos professores Flávia Marques (UFRGS), Décio Cotrim (UFPel) e Pedro Cristóffoli (UFFS).
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