Publicado em: 17 de junho de 2021 08h06min / Atualizado em: 17 de junho de 2021 08h06min
Analisar o impacto da Educação do Campo em uma comunidade do interior do Rio Grande do Sul: esse foi um dos objetivos da dissertação de mestrado de Raquel Ferron Lassig. Ao longo de dois anos, a acadêmica da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim dirigiu seu olhar para Pio X, na região rural de Aratiba. O resultado é uma investigação sobre os conceitos de educação formal e não-formal a partir da realidade de educadores, alunos e familiares da Escola Municipal de Ensino Fundamental São Roque.
Como etapa para a conclusão do Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação (PPGPE), Raquel também teve que apresentar um produto de sua pesquisa. Ela produziu um vídeo em que estão compiladas imagens e também depoimentos dos moradores de Pio X. O resultado pode ser visto abaixo.
A acadêmica destaca que pensou na produção do vídeo logo que definiu o título de sua pesquisa: “Quando a escola é a vida”. Ela defende que o formato apresenta “como o mundo se expressa por meio de vozes e estilos próprios”.
- Eu queria que os sujeitos observados no estudo fossem vistos e lembrados. Que eles participassem de forma ativa da minha dissertação, porque sei que muitos sequer conseguirão ler cinco de todas as páginas do trabalho. É um projeto de dois anos da minha vida, que teve a intenção de servir à academia, e principalmente aos sujeitos do campo. Para mim é imprescindível que eles façam parte do mundo acadêmico, que sejam atuantes e vinculados em qualquer espaço – destaca a agora mestra.
Raquel fez o mestrado enquanto ela própria cursava a graduação Interdisciplinar em Educação do Campo: Ciências da Natureza, também na UFFS – Campus Erechim. Logo, é apaixonada pela área.
- Fui motivada pelas minhas origens, além da realidade de muitos alunos e famílias que vivem da agricultura familiar. Valorizar o povo do campo é motivo de muito orgulho para mim. Creio que utilizar em sala de aula conhecimentos e saberes do povo do campo é um elo importante para a aprendizagem de cada aluno. Ao longo dos anos se perdeu a bagagem cultural desse povo – reflete ela, que também é pedagoga.
Raquel é pedagoga, aluna do curso Interdisciplinar em Educação do Campo e agora mestra em Educação (Acervo pessoal)
Muitos dos sujeitos envolvidos no estudo são pessoas que não tiveram a oportunidade de frequentar a escola, mas que possuem saberes: saberes não formais. Tais experiências constroem e reconstroem o ambiente escolar dos alunos. Sobre o processo da pesquisa, Raquel diz que mergulhou de corpo e alma no projeto, criando vínculos que jamais serão esquecidos.
- Inicialmente, realizei a pesquisa bibliográfica sobre os principais conceitos, como educação formal e informal, educação popular, educação no campo, gestão escolar, políticas públicas, entre outros. Depois, a ideia foi trabalhar com o conceito de Projeto Político Pedagógico, mostrando como esse documento está elaborado na escola e como ele pode ser melhorado de acordo com o que se preconiza na ideia de educação do campo. Houve também a pesquisa com os atores do processo analisado, através das entrevistas.
Raquel aponta que se deparou com uma realidade completamente distinta do padrão de educação, preconizado pelos modelos pedagógicos instituídos. Segundo a acadêmica, ainda é possível ver um distanciamento muito grande entre a teoria da educação do campo, que traz pressupostos bastante relevantes e pertinentes, e a realidade, que enfrenta imensas dificuldades de ordem burocrática e institucional.
- Realizar a pesquisa em uma escola situada na zona rural de um pequeno município no Norte do Rio Grande do Sul nos faz refletir sobre como essa realidade é única, peculiar e repleta de especificidades que lhe são pertinentes. Essas características próprias vão desde a localização, o tipo de povoamento, as características geofísicas, o resultado da miscigenação que provém das diversas etnias que acabaram ocupando a região de Aratiba. É preciso pensar na construção de uma educação emancipadora, que permita aos alunos libertar-se do sistema de opressão que existe em relação às populações do campo – reconhecido especialmente na precarização do acesso ao ensino formal. Por isso, é necessário que a educação do campo agregue valores com embasamento teórico, prático e existencial – finaliza Raquel.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
28 de fevereiro de 2025
Chapecó
28 de fevereiro de 2025
Passo Fundo
28 de fevereiro de 2025
Nossa UFFS
24 de fevereiro de 2025
Passo Fundo