Publicado em: 05 de maio de 2017 17h05min / Atualizado em: 08 de maio de 2017 14h05min
O médico haitiano, com residência em Medicina Geral, e mestrando em Saúde Coletiva na UFRGS, Pauliny Junior Moimême, foi o convidado para três conversas, em Chapecó, com diferentes públicos, sobre aspectos que incidem na saúde dos haitianos no Brasil. A vinda do médico, com o auxílio da FAPESC, é fruto do Projeto de Pesquisa desenvolvido na UFFS – Campus Chapecó “Itinerário formativo na Medicina e na Enfermagem (UFFS) e apropriação do SUS: construção do cuidado junto às mulheres da comunidade haitiana em Chapecó-SC”, cuja tutora é a professora Izabella Barison Matos.
Conforme a professora, nas atividades do projeto no Centro de Saúde da Família (CSF) do bairro Jardim América, foi constatada, junto aos profissionais, a necessidade de entender melhor a cosmovisão, os cuidados de saúde que os haitianos têm, o tipo de cura que procuram e almejam.
Assim, a professora considerou necessário, também, saber sobre outros aspectos do contexto dos haitianos, como questões culturais. Também entendeu essencial que os profissionais soubessem como é o sistema de saúde no Haiti e as diferenças com o do Brasil. Desta forma surgiu a possibilidade das falas do médico Pauliny. “A vinda dele surgiu da necessidade de alargar o conhecimento sobre essa comunidade”, ressaltou a professora.
Na quinta-feira (4) pela manhã, Pauliny abordou o “Sistema de Saúde do Haiti e Práticas de Saúde da População Haitiana”. O público – estudantes, profissionais de saúde, gestores, representantes do Centro de Referência em Direitos Humanos Marcelino Chiarello, e interessados – questionou o médico e debateu sobre o assunto. À tarde, Pauliny participou de uma roda de conversa com profissionais de saúde do Centro de Saúde da Família Jardim América.
Já na tarde de sexta-feira (5), ele conversou com pesquisadores e estudantes do Grupo de Pesquisa do Mestrado em Administração da Unoesc “A Imigração Haitiana no oeste catarinense: desafios e perspectivas”, além de professores da UFFS. O médico abordou aspectos culturais, sociais e econômicos do povo haitiano, além de processos migratórios.
O médico frisou que a universalidade do sistema de saúde do Brasil é a maior diferença do sistema haitiano. “Lá, o usuário tem que pagar quando chega no sistema. Então essa é a diferença mais importante entre os dois”.
A barreira linguística é apontada por ele como um problema para o entendimento entre as equipes de saúde e os pacientes. Mas, mais do que a língua, falta, segundo Pauliny, informação. “O haitiano, como estrangeiro, não sabe como usar o sistema, não sabe se é gratuito ou onde ir”.
Aspectos bastante debatidos foram a religiosidade na sociedade haitiana, a atuação de curandeiros, a saúde da mulher e o machismo. “Falei também sobre o não agendamento de consultas no sistema público no Haiti. Os poucos agendamentos, no Haiti, são na rede privada. No Brasil é diferente e, às vezes, os haitianos não entendem que precisam agir de outra forma aqui”.
Para finalizar, ele assinalou que, inicialmente, é importante ter em mente que os haitianos estão no Brasil e esta é uma realidade posta. Depois, é necessário lembrar que, em algum momento, os cidadãos haitianos utilizarão os serviços públicos – e que eles precisam saber como utilizar. “Então, é preciso abrir uma janela para entendê-los nas suas peculiaridades. Permitir que através de um acolhimento mais humano, o haitiano possa ser inserido mais adequadamente na sociedade”.
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